Certo dia acordei percebendo as coisas de uma forma diferente. As criaturas, todas elas, pareciam uma coisa só. Vi uma formiga que era uma árvore, um gato e um rinoceronte, vi um peixe que voava em forma de pássaro, que chovia como uma grande nuvem carregada e que brilhava como o ouro. Vi também uma velha senhora arbusto-pomar, que punha todas as frutas ao mesmo tempo, em um único galho e que era uma semente e um grão de areia. Vi um espelho que mostrava um reflexo e o nada, depois o nada e o tudo ao mesmo tempo e depois não era mais um espelho. Senti um aroma doce como açúcar e tão macio quanto o verde de uma folha. Vi uma fogueira que ardia em chamas, em paixão e vontade, dentro de um imenso lago de olhos azuis. Vi um sorriso de lagrimas de felicidade e amor em uma voz de silencio e carinho, como um toque de leve com a pontas dos dedos. Vi também uma bailarina que dançava sem tocar o chão, girando no ar, na poeira levada pelo vento. Vi uma pedra sábia, em eterna contemplação e comunhão com o todo, pendurada em um colar, como um pingente, em um loja de tesouros sem valor algum. Vi a mim mesmo e vi a mim em tudo que via, e via o nada e o tudo. Depois vi que eu era tudo isso e que tudo eram também. E tudo era tudo e nada era tudo e tudo era nada. Vi que não existo e que sou sem existir tudo e nada que sou e não sou. Tudo é uma coisa só...
sábado, 15 de agosto de 2009
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1 Comment:
lindo como sempre ...
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