sábado, 15 de agosto de 2009

Quando eu percebi que não existo, apenas sou


Certo dia acordei percebendo as coisas de uma forma diferente. As criaturas, todas elas, pareciam uma coisa só. Vi uma formiga que era uma árvore, um gato e um rinoceronte, vi um peixe que voava em forma de pássaro, que chovia como uma grande nuvem carregada e que brilhava como o ouro. Vi também uma velha senhora arbusto-pomar, que punha todas as frutas ao mesmo tempo, em um único galho e que era uma semente e um grão de areia. Vi um espelho que mostrava um reflexo e o nada, depois o nada e o tudo ao mesmo tempo e depois não era mais um espelho. Senti um aroma doce como açúcar e tão macio quanto o verde de uma folha. Vi uma fogueira que ardia em chamas, em paixão e vontade, dentro de um imenso lago de olhos azuis. Vi um sorriso de lagrimas de felicidade e amor em uma voz de silencio e carinho, como um toque de leve com a pontas dos dedos. Vi também uma bailarina que dançava sem tocar o chão, girando no ar, na poeira levada pelo vento. Vi uma pedra sábia, em eterna contemplação e comunhão com o todo, pendurada em um colar, como um pingente, em um loja de tesouros sem valor algum. Vi a mim mesmo e vi a mim em tudo que via, e via o nada e o tudo. Depois vi que eu era tudo isso e que tudo eram também. E tudo era tudo e nada era tudo e tudo era nada. Vi que não existo e que sou sem existir tudo e nada que sou e não sou. Tudo é uma coisa só...

1 Comment:

Anônimo said...

lindo como sempre ...