terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

O verdadeiro céu?


Certo dia, sentado em um lugar qualquer, e prestando atenção no comportamento das pessoas: uma senhora andando bem devagar em volta de uma praça, crianças brincando no parque e dois senhores conversando. Um desses dois senhores, o que aparentava idade mais avançada, contava coisas que haviam acontecido com ele para o outro senhor. Eles estavam debatendo sobre religião. E em certo ponto da conversa ele perguntou: “Quem aqui pode me dizer quem é o dono da verdade?” “Quem aqui é capaz de definir o que é, verdadeiramente, certo ou errado?”. Esses questionamentos me levaram a refletir sobre algumas coisas.
Como, com tantas pessoas diferentes e tantas formas diferentes de pensar, pode alguém se julgar "o único portador da verdade"?
Como as instituições de cunho religioso se acham no direito de professarem como se elas fossem a única forma de chegar à “Luz” e reconhecendo apenas a si como detentoras do conhecimento divino e suas representantes, excluindo e menosprezando as outras apenas por suas diferenças?
É aí que está: ao invés de buscarmos compreender os pontos que temos em comum, para chegarmos ao menos perto de ter uma idéia do verdadeiro milagre da divinação e da identidade de Deus, nos prendemos aos pensamentos mesquinhos e preconceituosos, que nos fazem olhar para as diferenças, para as coisas que julgamos serem inferiores às nossas. Aí nos colocamos no topo de um pilar de soberba e nos rotulamos de “corretos”.

"Vou tentar reproduzir, com minhas palavras, um conto que li em um livro (no momento não lembro qual)."

“Uma pessoa tinha um pequeno espelho especial. Esse espelho mostrava a quem olhava nele, uma pequena parte do céu. Certo dia esse espelho caiu no chão e quebrou, partindo-se em milhões de pedaços. O dono do espelho, sem saber o que fazer com os cacos, decidiu distribuir seus pedaços para todas as pessoas que encontrasse, afinal, um espelho tão especial não poderia ser jogado fora como lixo, e as pessoas mereciam conhecer o céu também, mesmo que apenas uma parte pequena. Assim ele o fez: distribuiu para todas as pessoas que encontrou. Aconteceu que todas as pessoas no mundo tinham agora um pedacinho do espelho que mostrava o céu, mostrando uma pequena parte diferente dele em cada um. O benfeitor, que havia distribuído os pedaços, ficou muito feliz porque havia compartilhado a coisa de mais preciosa que possuía.
Mas aconteceu que uma pessoa começou a achar que só o seu espelho era capaz de mostrar o céu verdadeiro, pois a parte do céu que estava refletindo no seu pedaço era diferente da de todas as outras. E nisso iniciou-se uma “reação em cadeia”, e todos estavam convictos de que apenas o seu espelho era capaz de refletir o céu. E tudo virou caos.”


Cabe a você agora “olhar” para cima e ao redor, e olhar também para dentro de si, e descobrir que o céu é muito maior que a parte que o pequeno pedaço do espelho que carrega com você pode lhe mostrar. E que mesmo que todos juntassem os cacos que possuem, apenas conseguiriam refletir uma pequena parte desse céu.

1 Comment:

E.I.R. said...

Maninho,

Muito legal o texto. Essa perspectiva é muito importante para todo buscador sincero, para que não caia no erro da prepotência e gire em torno de si mesmo. Essa concepção sobre verdade nos abre as portas para entendermos que enquanto formos imperfeitos somente teremos um pedaço desse espelho, e somente o Pai poderá apreender o todo. Assim sendo vencemos mais uma batalha dentro de nosso ser, nas quais estão contra nós o egoísmo e a intolerância.

Um grande abraço fraternal. Que a Luz do Cósmico inspire teus passos.

Paz, Luz, vida e Amor.

Edaurdo